“O que é a justiça não julgadora?
Trata-se de uma perceção que nos permite ver tudo na vida sem envolver emoções negativas. A justiça não julgadora tira de nós a função autoproclamada de juiz e júri, porque sabemos que tudo está a ser visto nada escapa à lei do karma e isso gera compreensão e compaixão.
É a liberdade de ver o que vemos e vivenciar o que vivenciamos sem responder negativamente. Ela permite-nos experimentar diretamente o fluxo livre da inteligência, do esplendor e do amor do Universo, do qual a nossa realidade física faz parte.
A justiça sem julgamento flui naturalmente da compreensão da alma e de como ela evolui.”
Esta passagem do The Seat of the Soul é muito interessante e convida-nos a refletir a partir de várias perspectivas e aprendizagens que tenho vindo a integrar na minha vida: tanto através de filosofias, como a filosofia sistémica, como nos estudos sobre o karma, que conecto ao yoga e ao meu próprio desenvolvimento espiritual.
Sou professora de yoga e já escrevi vários textos sobre este tema. Uma das reflexões mais presentes para mim é a forma como, muitas vezes, as pessoas mandam indiretas ou escrevem mensagens quando estão a sentir dor após uma experiência com alguém.
Acham que essa pessoa vai “cumprir um karma”, que vai “levar o troco”.
Claro que todas as nossas ações e reações estão em conformidade com as leis do universo, e acabam por refletir os nossos próprios padrões.
Desde muito nova, nos cursos de mindfulness que facilitava, eu explicava aos alunos que, por exemplo, num relacionamento amoroso, muitas vezes sentimos que estamos a dar tudo, mas a outra pessoa nos ignora ou despreza. E não percebemos que, talvez, em casa com alguém importante da nossa família estamos a ter exatamente o mesmo comportamento que estamos a receber.
O karma não funciona como uma equação linear: “aquela pessoa fez-me mal, então vai pagar”. Às vezes, estamos a receber uma compensação que é tanto ancestral como pessoal.
Por isso, é tão importante sermos vigilantes com os nossos pensamentos e julgamentos.
Outra reflexão que este texto me desperta é: até que ponto, quando estou a julgar o que é certo ou errado de forma altamente punitiva, não me estou a colocar no lugar de Deus?
Também aprendi que, muitas vezes, aquilo que mais julgamos de forma extrema e radical é, na verdade, algo que carregamos dentro de nós mesmo que esteja reprimido ou manifestado de outra forma.
Por exemplo: se és extremamente julgadora da violência, há uma grande probabilidade de existir dentro de ti uma parte conectada a essa emoção, ainda que não seja expressa da mesma maneira.
Se julgas severamente a infidelidade, talvez exista em ti uma parte que tem dificuldade em ser 100% honesta nem que seja contigo própria.
Não se trata de sermos infiéis ou violentos, mas de reconhecermos que o julgamento intenso muitas vezes revela uma parte nossa que não queremos ver. Às vezes essa parte não se manifesta nas nossas ações externas, mas está ativa internamente nos nossos pensamentos, nas nossas emoções, nas nossas fugas.
A justiça não julgadora convida-nos, acima de tudo, à humildade de perceber que a evolução da alma acontece através da experiência, da consciência e da compaixão e não da punição.
Se esta reflexão ressoou contigo e queres aprofundar o teu autoconhecimento à luz do karma, das emoções e da tua vibração, estou disponível para uma sessão de Diagnóstico Raiz. Caminhar com consciência é a melhor forma de transformar a tua realidade.