“Só sabemos se gostamos verdadeiramente de alguém quando conhecemos o seu lado menos bom.”
Ouvi esta frase ontem e ela tocou-me profundamente. Porque é verdade. Toda a gente tem um lado menos bom. Toda a gente.
Podem ser características mais leves, como teimosia, distração, impaciência… ou outras mais desafiadoras.
A verdade é que só quando conhecemos esse lado mais difícil do outro é que conseguimos perceber se estamos disponíveis para lidar com ele ou não.
E isso fez-me lembrar outra frase que já ouvi, dita de várias formas:
“Nós não queremos alguém que desperte os nossos demónios. Queremos alguém que saiba dançar com eles.”
No início de qualquer relação, é natural que as pessoas mostrem o seu melhor lado. Porque querem ser queridas, aceites.
Toda a gente sabe qual é o seu lado bom — e, se praticas autoconhecimento, também sabes quais são os teus lados mais difíceis.
Por isso é tão importante cultivarmos um autorrelacionamento consciente e profundo.
Já falei sobre isto antes: durante muito tempo, percebi que muitas das minhas clientes tinham um senso de autocrítica e autojulgamento tão fortes que tudo nelas se resumia a “devia ter feito”, “não fiz”, “não sou suficiente”.
As palavras que usavam para se descrever estavam carregadas de exigência e punição. E, no fundo, tudo o que precisavam era de encontrar paz dentro delas.
Porque esse autojulgamento constante e essa análise negativa do próprio ser partem sempre da mesma raiz:
“Eu não sou boa o suficiente.”
Então, conhece-te.
Conhece-te no nível mais profundo.
Percebe o que tens para dar.
O que gostas de receber.
O que, por mais que tentes, talvez não consigas dar, porque não faz parte da tua natureza, ou porque ainda te é difícil.
Esse autoconhecimento é o que te vai permitir entrar em qualquer relação, seja ela amorosa, familiar ou de amizade, com mais consciência.
Tu precisas de saber:
– Quais são os teus valores.
– Quais são os teus limites energéticos.
– Quais são os teus limites emocionais.
– Quais são os teus limites mentais.
Porque é através desses limites e desse conhecimento interno que começas a construir relacionamentos saudáveis.
O primeiro relacionamento saudável que podes ter é contigo.
O segundo, é com os outros.
Aprende a observar o outro, em vez de projectar expectativas sobre ele.
E depois, pergunta-te: as partes menos boas desta pessoa são compatíveis comigo?
E também aceita que, quando tu mostrares o teu lado menos bonito, algumas pessoas se vão afastar.
Algumas não vão querer lidar com isso.
E está tudo certo, desde que tu estejas em paz contigo mesma.